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OFICINA 3

Índio e Indígena são a mesma coisa? O indígena deixa de ser quem ele é na cidade? O que sabemos sobre história indígena da nossa região?

TAREFA 1: Elabore argumentos que respondam a pergunta feita no final da pista 3 (vídeo: #MenosPreconceitoMaisÍndio). Reflita a resposta pensando na presença indígena da nossa região. Registre no seu caderno.

PISTA 1: Assista a conversa com Daniel Munduruku.

Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=s39FxY3JziE

BIOGRAFIA

Daniel Munduruku nasceu em 28 de Fevereiro de 1964, na cidade de Belém, estado do Pará. Graduou-se em  filosofia, história e psicologia pela Universidade Salesiana de Lorena - UNISAL. Fez mestrado e doutorado em Educação pela USP e pós-doutorado em Linguística pela  UFSCar.  É autor de 54 obras, sendo a maioria classificada como literatura infanto-juvenil. Extremamente engajado no movimento indígena brasileiro.

PISTA 2 - Texto de Maria Elis

Matéria publicada no Jornal Santa Catarina, no dia 19 de abril de 2017.

Ano 46 – Nº 14.065, por Maria Elis Nunc-Nfôonro, indígena Xokleng e professora.

CARTA DE UMA INDÍGENA NA CIDADE*

Me deixem ser índia. Dias atrás li essas frases no Facebook: “ se tudo mudou e você continua sendo homem branco, porque a gente não pode mudar e continuar sendo índio?”, “ No Brasil todos têm sangue de índio. Uns nas mãos, outros nas veias e outros na alma. Onde está o seu?” A data de hoje me faz refletir essas palavras. Sou indígena Xokleng, nasci e resido aqui em Blumenau. Minha família é oriunda da terra Indígena Laklanõ, município de José Boiteux, SC. Sou questionada frequentemente se sou índia de verdade. Nem sei se tem índio de mentira. O fato é que ser índia e morar na cidade deixa muita gente intrigada. Acham que tenho que andar de tanga e penacho na cabeça. E não é por menos, com tanta história distorcida contada sobre os indígenas do Brasil. Muitos de meus familiares residem na terra Indígena. Lá são agricultores, professores, enfermeira, motorista, cacique, técnicos nas áreas de saúde e saneamento, estudantes, donas de casa. Moram em casa de alvenaria, têm carro, moto, computador, celular, TV com antena parabólica. Vão à igreja, participam de campeonatos de futebol da cidade. Compram no comércio local. E continuam sendo índios de sangue e de alma. Eu aqui sou professora, moro em apartamento. Tenho carro, computador, celular. E continuo sendo índia de sangue e de alma. Tenho orgulho de falar da minha origem. Aqui, tenho saudades da minha aldeia. Lá estou em casa. Tenho prazer de estar com os meus, ouvir e contar histórias. Relembrar o passado, planejar o futuro. Cada pedacinho daquela terra, daquele rio contam uma história; algumas sempre lembradas, outras esquecidas, muitas jamais contadas. Histórias de sangue de índio nas mãos de brancos. Aqui ou lá eu sou índia. E a forma como vivo hoje não é uma opção minha, mas a alternativa que foi imposta aos meus, que aqui estiveram antes de mim. E quando me refiro “aqui” falo de Blumenau, que foi sim terra dos indígenas Xokleng. Terra que de nós foi tomada, usurpada com sangue de índio nas mãos. Meus antepassados concordaram em ficar em uma terra com limites. Eu não. Quero e vou continuar sendo índia aqui, lá ou acolá. Minha bisavó era índia, meu avô era índio, minha mãe é índia, eu sou índia, meu filho é índio, meus netos e bisnetos serão índios; e os netos dos meus netos também serão índios. Ser índio independe da cor, naturalidade, língua ou lugar onde mora. Ser índio é ter orgulho da sua identidade de índio. Ser índio é defender a cultura do índio. Ser índio é ser e querer ser índio. Maria Elis Nunc-Nfôonro Indígena xokleng *

 

*Matéria publicada no Jornal Santa Catarina, no dia 19 de abril de 2017. Ano 46 – Nº 14.065, por Maria Elis Nunc-Nfôonro, indígena Xokleng e professora.

PISTA 3 - Vídeo

#MenosPreconceitoMaisÍndio.

Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=uuzTSTmIaUc

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