Ensino de história Indígena
Material Didático
OFICINA 1
O Governo decidiu construir uma represa dentro da TI para resolver os problemas das cheias do Rio Itajaí-Açú que atingiam Blumenau e Gaspar, mas esqueceu dos impactos para os Laklãnõ Xokleng. Ana Patté estudou esse tema em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O povo Laklãnõ fez greves e manifestações pois as negociações e indenizações não ocorreram como combinadas. E se fosse com você? Conheça um pouco mais deste capítulo da história do Vale do Itajaí.
TAREFA - Depois de consultar todas as pistas procure responder como uma obra pública que deveria prever o bem comum da população tornou-se um problema? Organize uma tabela comparativa analisando os impactos positivos e negativos deste empreendimento. Como você resolveria esse impasse?
Pista 1 - Decreto
Analise o documento que autoriza a construção da Barragem Norte.
Identifique o ano, quem assinou o documento, o que estabelecia.
Clique no ícone e acesse o documento.
Conheça a Barragem --------------
PISTA 2 - Depoimento 1 ( Veitchá Uvanhecü Téiê )
Até o final da década de 1970 os índios viviam unidos em uma única aldeia só, com uma só liderança. Nós tinha bastante animais domésticos, porco, galinha, tínhamos bastante pomares de arvores frutíferas, todos tinham suas casas. De lá saíamos para caçar e pescar, até que veio o homem branco para fazer uma barragem, aí piorou. Nós nos dividimos por causa disso, o rio encheu quando choveu, perdemos tudo, além da nossa terra, agora só nos resta a lembrança do que era bom quando nós estávamos juntos unidos.
Depoimento 2 ( LAURA PATTÉ )
Laura Patté nasceu em 28 de junho do ano de 1928, na Terra Indígena Ibirama Laklãnõ. Filha de Candinha Gakóija e Anastácio Severino da Silva. Uma das primeiras alunas da escola Duque de Caxias. Sua entrevista foi realizada no dia 20 de novembro de 2014, na Aldeia Palmeirinha.
A Barragem é um outro momento de minha história, pois esta, aconteceu em um tempo mais frágil da minha vida, quando eu já estava sozinha com os meus filhos. Que sofrimento, tive que me mudar da minha casa e do meu lugar, fui morar lá em cima da serra, lugar que meu marido já havia escolhido um bom tempo atrás, quando ele e seus amigos faziam uma caçada por lá. Presenciei todos os problemas que a barragem causou, sofri muito vendo a perda das nossas terras, sendo inundadas por causa das chuvas fortes. Olha! É triste o que os brancos fizeram com nós. Sabe, fui também uma das primeiras famílias que veio fazer greve na barragem, isso nos anos de 1990. Quase perdi minha filha nesta greve, os bandidos esfaquearam ela e o marido dela, hoje quando eu lembra de tudo que passamos nas greves, eu choro sozinha, mas agradeço a Deus, que nunca nos deixou faltar nada e sempre me deu saúde e força para que eu continuassem a viver.
Depoimento 3 ( ALAIR PATTÉ )
Quando me lembro desse momento que passamos na barragem fico sem palavras, vendo que ainda insistimos em fazer greve neste local que muita tristeza nos trouxe. Ali meu povo sofreu, passamos fome, choramos muito porque não tínhamos com quem contar, gritávamos, mas ninguém nos escutava. As nossas reclamações só foram ouvidas, quando índios começaram a morrer. Mas porque tem de ser assim? Em toda história indígena as pessoas tem que morrer para que o governo possa escutar? (PATTÉ, A. , 2015, p.50)
PISTA 3 - Documentário: O Outro lado da Barragem.
PISTA 4 - Denúncia na Comissão Nacional da Verdade
Em Santa Catarina, no Vale do Itajaí, o Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) iniciou a construção de uma barragem para contenção de cheias em março de 1976. A barragem, cuja construção foi autorizada pela Funai sem qualquer estudo de impacto ambiental e sem consulta às comunidades indígenas, ficava a menos de 500 metros a jusante do limite da TI Ibirama Laklãnõ do povo Xokleng. Por conta das obras, na primeira grande enchente, em 1983, esta aldeia Xokleng foi totalmente destruída e a comunidade foi forçada a dividir-se em pequenas aldeias. Pelo menos 900 hectares da TI ficaram “à disposição” do lago. A comunidade Xokleng nunca foi indenizada e as consequências persistem até os dias atuais.
Quando o lago enche, de três a quatro vezes ao ano, as escolas ficam sem aula, o atendimento médico é suspenso e aldeias ficam isoladas. Desde 1991, foram ao menos cinco ocupações no canteiro de obras e nas comportas para exigir indenizações e reparações. Atualmente, duas aldeias estão condenadas devido a oscilação do terreno influenciado pelas águas (CNV, 2014, cap.V).
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